segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Resgatando La Fontaine

Nos dias de hoje a maioria das pessoas é tão direta que não deixa dúvidas do que está dizendo. O politicamente correto sepultou a metáfora. Todos ficam com receio da leitura nas entrelinhas ou da interpretação que pode ser dada ao texto. Em seqüência a reflexão vai pro brejo. Saudosa época das fábulas. O por trás do escrito tinha valor, mesmo quando a moral da estória tivesse de ser apresentada com todas as letras no final do texto.

No post de hoje presto uma homenagem a um dos grandes fabulistas do passado - La Fontaine. Na verdade este senhor acrescentou uma pitada de ironia a uma temática não original, visto que as suas fábulas são atualizações de Esopo (aquele amigo que o Roberto já referiu num comentário). Esta fábula, já publicada anteriormente, é uma criação livre inspirada no autor francês. Digamos que pode ser classificada como La Fontaine-like (utilíssimo este anglicismo – tudo o que a gente quiser plagiar é só descrever como like). Como homenagem incluo a imagem do inspirador no post.


"Um velho sapo estava ao sol perto da lagoa quando viu uma bela lagartixa nova passa, requebrando a cintura. Percebendo que talvez esta fosse uma das últimas oportunidades de saborear um pitéuzinho tão tenro e delicioso, o velho sapo desejou ardentemente que a lagartixa viesse ao seu encontro. Mentalmente bolou um plano rocambolesco para conseguir a lagartixa. E já antevia o seu sucesso. Já podia sentir o troféu sendo usufruído. Neste momento surge um sapo novo, pulando de pedra em pedra, e salta em cima da lagartixa. Num instante o troféu foi pro beleléu e o sapo novo, com a tarefa cumprida, seguiu o seu caminho.


Moral 1: sapo velho não come lagartixa nova.
Moral 2: não basta querer tem de fazer.
Moral 3: sonhos são sempre sonhos pra quem só sabe sonhar."

Boa semana para todos.

6 comentários:

Otávio disse...

La Fontaine, a muito tempo que eu não ouvia falar dele. Eu achava suas fábulas fantásticas. A melhor delas, na minha opinião, era “A raposa e as uvas”. Eu sempre faço referência a ela, basta alguém desdenhar ao meu lado que já digo “verdinha, verdinha as uvas, não é?”

Tirando a Moral 1, as outras eu concordo em número e grau.

Notei que esta sem nome sua fábula, ia tomar a liberdade de sugerir alguns, não apareceu nada que prestasse na minha cabeça, mas acho que ela tem que ter um nome.

Anônimo disse...

Oi Dr Odilon

Depois de tanto procrastinar, não mais me contive ao ler a indireta de que "não basta querer tem de fazer", e resolvi inaugurar meu blog. Não deixe de visitá-lo em http://piai.wordpress.com . Os amigos reais, imaginários e duvidosos também estão convidados.

Aguardem para ver os relatórios gerenciais do meu blog. Serão imbatíveis. O único problema é que ninguém marcou data para a primeira entrega, então...

Anônimo disse...

Ah! que belo ... tbm acho que somhos são só sonhos e quando acordamos tudo =, mas tbm concordo c/ otavio pois diz uma certa letra brega ( vc vai achar) que panela velha e que faz comida boa ou ainda a mãe de um co-amigo sempre nos dizia que sempre existe um chinelo velho p/ nossos pes cansados ou ainda a tampa da panela velha há de aparecer e só procurar.
Pq. o amigo não entra c/ algo s/ contos de fadas etc sempre tiro aprendizado de alguns ....

Anônimo disse...

Bom, isso é sacanagem pura!!! minha amiga Chris escrevendo por mim...
Mas como diriam quem está na chuva é para se molhar, então... vamos ao piai..
Afinal nossos cafés são muito divertidos.. e hoje especialmente no almoço ver a Chris obstinada por desgrudar as bolinhas passa tempo da mesa... foi realmente bizarro..

Christiane disse...

eu??????????
Mais uma paranóica por aqui???

roberto bezzerra disse...

o vocábulo "fábula" sempre me encantou.continuo achando uma mistura de sonho + ensinamentos + divagações e aventuras,independente da moral proposta no final.
gostei do La Fontaine-like...é um
remix moderninho e uma peça promocional de grande valor! já imaginou este texto ampliado e afixado na parede de uma grande academia ? perto das esteiras,dos supinos,barras e outras parafernálias que prometem rejuvenescer sapos velhos mas escondem que envelhecem prematuramente sapos novos,com todas essas bolas coloridas e todos os óides?
p.s.achei muito bonita a ilustração escolhida para a "confraria literária"