domingo, 7 de outubro de 2007

Num dia de domingo

Diferentemente de algumas pessoas eu sempre gostei de domingos. Sem apelos religiosos ou trabalhistas. Para mim a modorra que os domingos trazem é revigorante. Uma certa dose de apatia é muito boa. Deixar-se levar sem compromissos. É um dia especial para que os pensamentos se acomodem e ocupem os seus espaços, desordenadamente. Enquanto estamos indolentes eles se ajustam sozinhos.

A maioria das pessoas que não curte o domingo gostaria de ter uma agenda executiva para este dia. Diversas atividades para preencher o vazio de todas elas. E evitar o levante dos pensamentos. Nem sempre é gratificante ficar a sós com eles. Alguns são muito truculentos. Pegam pesado e insistem em ter prioridade. Para afastá-los não adianta balançar a cabeça e mistura-los com outros. Bater a cabeça na parede também não é a melhor solução!

Mansamente tente argumentar com eles. Sorrateiramente inicie uma negociação. Se isso ... aquilo. Lembre que talvez eles não sejam, em essência, ruins. O momento pode estar inadequado. Negocie tempo, freqüência de aparecimento, periodicidade e se for necessário até intensidade. Planeje um dia inteiro para eles. Quem sabe um feriado todo. Finados? Mas tente livrar o domingo dos pensamentos indesejáveis.

Se a técnica de negociação não surtir efeito, seja pela grosseria do inimigo ou pela sua total incapacidade de negociar. Utilize a técnica de saturação. Pense exaustivamente neles durante um bom tempo. Permita que eles cresçam, agigantem-se até que eles mesmos não se agüentem mais. Como num passe de mágica, eles vão querer acabar. Ninguém consegue conviver eternamente com a dificuldade. Tenho certeza que se a loucura não lhe dominar antes, estará livre destes pensamentos.

Caso nenhuma destas ações surta efeito... tente a fuga. Ligue a televisão. A anestesia bestial determinada pela programação dominical das redes de televisão não permite que nenhum ser, inferior ou superior, pense. É tiro e queda! Adeus qualquer pensamento. A única dificuldade é que a dose pode ser exagerada. E eles ficarem ausentes até o meio da semana. Mas isto será tema de outra conversa.

5 comentários:

roberto bezzerra disse...

durante um bom tempo,eu tinha uma
certa bronca com o domingo.
gostava da proximidade dele,mas quando ele acontecia...principalmente a partir do final da tarde,eu achava tudo muito melancólico,e se eu bobeasse,ficava deprimido.
não que eu ficasse fazendo um balanço da minha vida.não mesmo...só que existia no ar uma nostalgia imensa, depois dos almoços em família,daquela macarronada enorme e daquela cervejinha bebida "a mais"...
hoje continuo achando quase tudo isso do domingo, mas não me incomoda em nada...não corros riscos nenhum,e até gosto desse jeito que só o domingo tem.
....

Christiane disse...

Eu gostaria de deixar meu depoimento sobre os domingos - eu os detesto, particularmente depois do meio dia. Nunca consegui bem definir o porque - podem ser domingos de férias, meio de feriado, ou simples domingos, mas as tardes de domingo sempre têm para mim um peso diferente...

Otávio disse...

Pensamentos, pensamentos, pensamentos, as fórmulas para se livrar deles são ótimas, vou tentar e depois te digo se deu certo.

Christiane disse...

mto bem, caro novo amigo!!!! isso eh q eh o must da modernidade nos meios virtuais. eu de minha parte fico c/ o miguxes arcaico, q eu me sinto + a vontade - mas fico feliz q tenha gostado!!!!!!

Anônimo disse...

Realmente são necessários os momentos em que estamos a sós com nossos pensamentos. Vocês já tiveram a sensação de precisar de 10 domingos corridos, sem meio de semana, para colocar tantos pensamentos em ordem, para poder organizar a desordem que transborda e encarar uma segunda com uma leveza de pessoa normal?