sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Pequenas digressões


A maioria das pessoas que me conhece classificar-me-ia como um cavalheiro. Sem pretensão. Não costumo perder a calma, procuro ser gentil na maior parte das situações, escuto as pessoas e me interesso pelo que escuto, respeito a opinião dos outros e outras qualidades afins.

Hoje tenho de confessar que uma faceta negra da minha personalidade veio à tona. Cometi uma digressão, afastei-me do prumo. Escrevi no blog de uma amiga um texto explicitamente machista. Hediondamente machista.
Não que eu me arrependa. Isto é apenas uma confissão.

A razão dessa falta de arrependimento é simples. Todas as pessoas, de vez em quando, podem e devem cometer algumas digressões leves, faz parte da natureza delas. Isso pressupondo que as pessoas têm um compromisso intrínseco em serem boas e só algumas vezes saírem dos trilhos. Por isso, esta mensagem não serve para os aprendizes de cafajeste, cafajestes completos ou pós-graduados em cafajestagem.

O cometimento de pequenas digressões contribui para manter afastados os apelos desastrosos dos desvios ferrados da personalidade, neuroses brabas e psicoses marcantes. Nada de transbordar o copo com a gota que faltava. Com isso evita-se a criação de um caldeirão de bruxas que culmina fatalmente em grandes catástrofes, crimes e desvios de conduta.

Pequenas maldades, mesmo causando algum mal-estar podem bloquear pecados maiores e manter os ânimos em patamares de belicosidade bem mais baixos. A mesma teoria da válvula das panelas de pressão. Uma questão meramente física.

Como não fui muito machista, não vou me arrepender. Peço desculpas.
Mas não me arrependo. Quero continuar normal.

2 comentários:

Otávio disse...

É, você tem razão, pequenos pecados devem ser perdoados e esquecidos, principalmente por uma causa tão nobre e amplamente justificada.

Mas cá pra nós, a grosseria cometida iria deixar D.Nedda de cabelos em pé, e com certeza avaliando se valeu a pena tanto desvelo na sua educação

roberto bezzerra disse...

que bom poder se permitir a estes pequenos/grandes luxos.
principalmente numa época em que o tal "politicamente correto" está quase oficializando o fingimento nas relações humanas,sejam elas quais forem.cada vez mais cobrado,incentivado e aplaudido,resultando numa coisa cada vez mais chata, falsa e mentirosa.
acho mais interessante gente mais "humana",mais normal,com mais orinalidade.
inclusive nas derrapadas e tombos.
portanto,vivamos mais relax.
sem "regrets".
(a rima saiu sem querer.azar...)