quinta-feira, 4 de outubro de 2007

A metáfora da rosa


O por do sol já havia passado.
Ao longe os braços da noite fugiam dolentemente por trás das cores do arco-íris.
A escuridão cismava em não aparecer.
O rompimento do pacto de dia-após-noite-após-dia-após-noite parecia inevitável.
A catástrofe avizinhava-se, célere como o tempo. Prenúncio do canto de Nix.
O pio da coruja matadeira já soara. Involuntariamente lúgubre.
O som rasgava o silêncio como uma sirene macabra.
Agora era só esperar. Não tardaria a aparecer o feitiço da morte.
Mas quando se esperava que o cheiro do enxofre tomasse conta dos fins do mundo, o aroma da rosa se fez sentir no ar. Inebriante e fugaz como o sopro da criação.
E a noite caiu.

3 comentários:

roberto bezzerra disse...

blog também é cultura.
li tua metáfora e fiquei mastigando mentalmente a cena descrita.
quem seria nix? e ainda por cima, cantava! por que cantava, e para quem? tive então que dar uma volta na wikipédia, e fiquei sabendo da origem dessa criatura...
e para minha surpresa,me dei conta que conhecia alguns de seus descendentes.
veja só,era conhecido de alguns parentes da nix e não sabia...
(viu como blog também é cultura?)

Otávio disse...

Muito interessante a metáfora da rosa.

Bela sacada a de associar o medo a luz, ao dia e não como comumente é partilhado, ao escuro, à noite.

Sempre fazemos essa associação, e não deviríamos, visto que a maior parte dos nossos horrores acontece à luz do dia.

Também senti curiosidade e fui correr atrás da Nix, e descobri coisas fantásticas.

E como sou mais legalzinho, aqui vai um endereço

http://pt.wikipedia.org/wiki/Nix

Unknown disse...

Realmente, cultivar amizades nos dias atuais é um ritual muito difícil.
Acreditamso que vivemos num mundo isolado de tudo e de todos, onde nos contentamos com a coisa virtual, cibernética.
Como a própria palavra cultivar significa, devemos ter paciência, semear, cuidar e investir nas grandes amizades.
Tema muito pertinente e interessante. Reflexão para a vida moderna atual.
Diferente dos tempos de interior e sem internet, onde procurávamos os amigos e eles realmente existiam.
E como uma verdadeira espiral, fazer crescer essa corrente de amigos, faz com que sintamos vivos e pertencentes a um grupo acolhedor de amigos.
Realmente, muito gratificante tê-lo como amigo e poder desfrutar de tão interessante leitura.