terça-feira, 9 de outubro de 2007

Desencontros trigonométricos

Desde o princípio aquela relação não tinha entrado nos eixos. O referencial cartesiano foi insuficiente. Ele não abria mão da aplicação da trigonometria esférica no dia a dia e ela, estimulada pelos conceitos geodésicos, teimava em considerar falsas as soluções propostas. O amor até que existia, mas a soma do quadrado dos interesses individuais era, substancialmente, maior do que o quadrado da hipotenusa, considerando a hipotenusa como a linha que unia os pontos de interesses comuns. Os planos eram arbitrários e não apresentavam área de intersecção. A saída era pela tangente. A complementaridade inicial, que lhes rendera o apelido de seno e co-seno já ia longe. A bissetriz não dividia partes iguais. Cada um ansiava por ser maior. As distâncias tornavam-se infinitas e as equações, criadas para resolver os problemas, já não demonstravam corretamente os fenômenos básicos da convivência.

As projeções não passavam pelo mesmo meridiano. A persistência do paralelismo era flagrante. Não havia ponto comum no infinito. Uma completa ausência de convergência. A base AB e CD não indicavam o mesmo azimute. Os cálculos das prioridades não eram coincidentes. Nem mesmo o vislumbre de um triângulo esquentou a relação, pois cada um calculava os motivos e conseqüências pelo seu ângulo. Os graus de inquietação careciam de identidade. Dois pesos e duas medidas. Ela acusava a ele de ser obtuso e ele revidava com um sarcasmo agudo. Um e um não atingia mais resultado. Estavam fadados a seguir trajetórias sem sentido, direção ou vértice comuns. C.Q.D.

10 comentários:

Otávio disse...

Uma briga desses dois, deve ser a base da reguada e ponta do compasso no coração. Isso é que é uma relação totalmente fora do esquadro.

Olhando pelo “ângulo” literário, o post está tão perfeito como um teorema de Pitágoras. Parabéns!

roberto bezzerra disse...

bateu pro recreio!
e no próximo período vai ter prova
de matemática no quadro negro.
tenho que decorar a fórmula de Bhaskara,senão vou ficar em segunda época...

Anunciatta disse...

Que bonitinho! Que blog mais lindinho!

Vou ler tudinho depois comento, mas já vi que tem santinho e gostei!

UM BEIJO!!!

Anônimo disse...

nem sempre as somas batem ... mas como seres imperfeitos e teimosos ,ficamos lá batendo na mesma tecla p/ ver se conseguimos mudar a somatòria do daquilo que desejamos, querendo que o resultado seja = aos nossos anseios mais profundos... bjus e parabéns pelo blogger

Anônimo disse...

Oi. Cabe aqui uma defesa da relapsa... Ela é assim comigo também. Semana passada comprei 4 arranjos de flores para aumentar as chances de ela reparar em pelo menos um... na tentativa de fazer com que retas paralelas se encontrarem algum dia..

Anônimo disse...

Agora até meu namorado me sacaneando... Deixem estar... "A vida é um bumerangue!"
Odilon, seu texto ficou muito bacana, um dos que eu mais gostei. Parabéns!

Anônimo disse...

Guri, tu me desculpe, mas eu tenho que perguntar: Esse texto é mesmo seu?

Odilon disse...

Resposta aos comentaristas:

anunciatta: como diria a minha amiga Hebe, gracinha, você. Continue aparecendo que eu coloco mais santinhos.

namorado da relapsa: ah, o mistério dos números ímpares. Como conselho da próxima vez envie 3 arranjos assim haverá desempate e ela escolhe um. Que nem o desfolhar da margarida - esse não, esse sim, esse não. Ficou um. Como saber se ela começa pelo não? Você já viu uma mulher decente dizer sim pela primeira vez?

relapsa: com tal afã de escrita logo você perde o nick. Cuidado!

amiga da Chris: depende- se você gostou é meu mesmo. Se não é apenas uma tradução do grego antigo publicado no Eureka's Digest em 123 A.C por Ptolomeu de Thessalia.

Odilon disse...

Amigo Otavio

Eu bem sabia que você não ia gostar. Mas como escrevi no post optei pelo gracejo. Vamos lá gente puxar um pique, pique, é hora, é hora...

Anônimo disse...

HUM!!! ESSSE NEGOCIO DE TRIOG. O QUE MESMO??? MAS DEIXA PRA LÁ , EU QUERO MAIS E FAZER PARTE DESSE TYRIO E QUERO É MAAIS ESTAR NO MEIO SENDO O QUE MAIS ME DER PRAZERR. UI ...