Primavera. O sol brilhava de uma forma diferente. A brisa convidava para um passeio no campo. A colméia era um alvoroço só. Operárias iam e vinham buscando néctar das flores para a fabricação do mel. A rainha estava no período fértil. Os zangões exibiam-se como símbolos sexuais à espera da escolha. Mal sabiam da fatalidade. No meio desta confusão uma jovem abelhinha preparava-se para a sua estréia. Já passara pelo período de treinamento teórico e estava apta para o desafio. Era consenso que fora uma das melhores da última turma. Aprendia rápido. Estava ansiosa pela prática. Sentia-se preparada e confiante.Às flores!
Com um impulso rápido abandonou a colméia. O que se descortinou a sua frente era deslumbrante, superava em muito as imagens do treinamento. O mundo era infinitamente mais bonito ao vivo. Avistou um canteiro de amores-perfeitos e, num vôo rasante, abocanhou o primeiro néctar. Ulalah! Rapidamente passou para as rosas, margaridas, miosótis, dálias, gerânios. O cheiro das flores funcionava como um estimulante para continuar a jornada. Um a um os canteiros foram visitados. Cada vez mais rápido procurava suplantar o que havia apreendido. Queria ser a melhor de todas.
De repente a surpresa. Onde estava? O que era isso? Pareciam sóis. Do miolo enorme partiam raios imensos que balançavam levemente ao vento. Apesar da confiança, as dúvidas começaram despontar. Não se lembrava de nenhuma descrição de algo semelhante. Mentalmente recordava todos os ensinamentos. Mesmo em conversas informais na colméia nenhuma das colegas referira-se a isso. O odor parecia de flor, apesar da deformidade o volume lembrava uma flor. Mas com todo aquele tamanho? Era diferente de tudo o que lhe haviam ensinado. O medo começou a se apossar da abelhinha. Onde seria a central do néctar? Não tinha idéia por onde começar. Também não queria desistir e se transformar em pilhéria das outras abelhas quando voltasse. Mas conseguiria sair depois de realizada a tarefa?
Numa fração de segundos pensou em desistir. Era estreante, tinha até o direito. Não seria a primeira a falhar. Não, não desistiria. O desafio era arrebatador. De olhos fechados mergulhou ao encontro do seu destino.
E descobriu que era apenas uma flor grande.
9 comentários:
gostei desta abelha novata.
da coragem e do espírito de aventura dela...
como é curioso o fato de fantasiarmos o desconhecido,a novidade e o que é diferente daquilo que nos ensinaram...
aí,quando a gente dá o salto que ela deu e mergulha de cara no bicho-papão da fantasia,vê que toda a ansiedade não era necessária...
o mundo pode ser apenas uma flor grande.
(sei lá como,isto me lembrou meu tempo de Grupo Escolar, e aqueles cartazes pendurados com as Fábulas de Esopo)
Em determinados momentos na vida, precisamos de poucas coisas, palavras não ajudam muito, queremos algo mais concreto, como um abraço amigo, um colinho de mãe, um afago, um carinho ou simplesmente um sorriso mais carinhoso.
Pode contar comigo para qualquer coisa.
Não se esquece que como você mesmo disse no texto, pode ser apenas uma flor grande.
Que coisa mais lindinha este texto, que estória delicadinha, não é mesmo amiga Anunciatta
Que ímpeto da danada, que coragem, que audácia. Concordo com o amigo Roberto, temos que dar um salto rumo ao nossos ideais, de nada adianta ficarmos parados como um relógio, simplesmente esperando a vida passar, uma coisa e certa, ela passa, e rápido.
Adorei a abelhinha, ela fez a coisa certa, correr de encontro à sua meta. Acho que todo mundo precisa de um gira-sol na vida, algo quase intransponível para mexer com seu brio e fazer crescer aquela gana por sucesso.
Aqui vai um recadinho pro meu amigo Roberto:
“emocionantes as suas lembranças no texto, você só precisava explicar para as pessoas o que é um Grupo Escolar, algumas não viveram na metade do século passado.”
Fantástico. Assim, em uma só palavra, para desviar pouco a atenção do texto que merece toda ela - o seu post.
E por coincidência, hoje tb postei girassóis no meu blog, mas por motivos poéticos de outra ordem! ;)
[]s blogueiros
Queridinhos,
Hoje eu amanheci meio deprimidinha, passei o dia todo jururu como se dizia na minha inf�ncia, coisa de velhinha. Nem olhei os blogs dos amiguinhos pela manh� como sempre fa�o, azar o meu n�o � mesmo?
Quantas coisinhas boas voc� encontra aqui, tudo que euzinha precisava para deixar meu diazinho mais alegrinho.
Senti-me a pr�pria abelhinha e voe por entre as flores, inspirei perfumes e deslumbrei-me com as cores, e vi juntinho com ela a coragem e determina�o voltarem. Acabei o texto totalmente rivigoradazinha, robusta, forte como uma vaquinha holandesa.
Obrigado amiguinho, pelo texto e pela for�inha extra, eu bem que tava precisando.
O amiguinho Ot�vio tem raz�o, � uma coisa bem lindinha e bem delicadinha.
Mais um blog que fala de flores!! Que coisa maravilhosa!!
hum... abelhinha danadinha... e vcs caros tbm heim!!!!! se fazem de bobinhos/as, como a amiga enunciata para soltar a franga e delicia-se neste mundão de novidades gostosos e beneficas a saude , que bom eu é que não vou ficar de fora , vou meter a cara ....
olá volto , eu aki neste blog, pq. não parei de pensar pq. o Roberto . referiu-se as fábulas ???? afinal são tão inocentes , pois sabemos bem a relação dos irmãos Grrimmm, o fim do ratinho com o leão , da cigarra e formiga etccccccccc. será que ficaste com algum trauma mal res... rsrsrrs só to questinando s/ maldades ..rsrsrrsrr
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