Ainda na época das trevas e da escuridão eternas Tupã mandou a terra sua filha predileta. Ibiacy teve a missão de iluminar o mundo e tornar as terras férteis. Na forma de uma linda mulher, com a cabeleira farta e negra como as asas da graúna, ela encantou a nação camaiurá. A luz se fez em dia e do solo brotaram os frutos e as sementes. Os rios transbordaram de peixes e a fartura abençoou aquela nação.
Protegidos pela casca do céu, criada pela enaré Akuanduba, os índios viviam de acordo com as regras básicas da natureza: acordavam, comiam, bebiam e dormiam. A amizade era um dos valores mais apreciados. O controle dos excessos era feito pelo soar de uma flauta mágica que chamava a atenção de todos para o cumprimento da boa ordem. O riso e a alegria dominavam a gente das terras deles. As festas duravam longos períodos em homenagem ao protetor das plantas e dos animais, o gênio da floresta – o Curupira.
A calmaria só era interrompida pelas disputas e invasões das tribos vizinhas. A guerra provocava a morte de heróis e o povo rendia-lhes homenagens, com danças e fogueiras. A melancolia e a tristeza eram acompanhadas apenas por um silêncio profundo. O choro era desconhecido. Durante uma época de grande escassez de alimentos, o sofrimento da tribo foi tal que tiveram de recorrer ao poder de Nhandeyara, o grande espírito. Eles sabiam que o atendimento do seu pedido estaria condicionado a um sacrifício. Mesmo com todos os riscos, preferiram enfrentá-lo.
A solução, imposta pelo espírito, determinou o sacrifício da alma mais nobre da tribo. Ibiacy se ofereceu. No entardecer do mesmo dia caminhou até à margem do rio para o encontro com Mãe Muiraquitã. O destemor da filha de Tupã não passou despercebido dos outros espíritos, que impediram a morte da índia. Retirada das águas pelos braços de Yara, Ibiacy começou a soluçar. E dos olhos brotaram fios de água.
As lágrimas vertidas por Ibiacy mudaram a desdita do povo camaiurá. O sol reapareceu, os frutos brotaram e os peixes voltaram aos rios. Deste dia em diante o sacrifício das lágrimas transformou-se no milagre da solidariedade e da remissão das mágoas. As lágrimas passaram a inspirar os espíritos na reversão dos males.
Assim foi e assim será, para o sempre.
Protegidos pela casca do céu, criada pela enaré Akuanduba, os índios viviam de acordo com as regras básicas da natureza: acordavam, comiam, bebiam e dormiam. A amizade era um dos valores mais apreciados. O controle dos excessos era feito pelo soar de uma flauta mágica que chamava a atenção de todos para o cumprimento da boa ordem. O riso e a alegria dominavam a gente das terras deles. As festas duravam longos períodos em homenagem ao protetor das plantas e dos animais, o gênio da floresta – o Curupira.
A calmaria só era interrompida pelas disputas e invasões das tribos vizinhas. A guerra provocava a morte de heróis e o povo rendia-lhes homenagens, com danças e fogueiras. A melancolia e a tristeza eram acompanhadas apenas por um silêncio profundo. O choro era desconhecido. Durante uma época de grande escassez de alimentos, o sofrimento da tribo foi tal que tiveram de recorrer ao poder de Nhandeyara, o grande espírito. Eles sabiam que o atendimento do seu pedido estaria condicionado a um sacrifício. Mesmo com todos os riscos, preferiram enfrentá-lo.
A solução, imposta pelo espírito, determinou o sacrifício da alma mais nobre da tribo. Ibiacy se ofereceu. No entardecer do mesmo dia caminhou até à margem do rio para o encontro com Mãe Muiraquitã. O destemor da filha de Tupã não passou despercebido dos outros espíritos, que impediram a morte da índia. Retirada das águas pelos braços de Yara, Ibiacy começou a soluçar. E dos olhos brotaram fios de água.
As lágrimas vertidas por Ibiacy mudaram a desdita do povo camaiurá. O sol reapareceu, os frutos brotaram e os peixes voltaram aos rios. Deste dia em diante o sacrifício das lágrimas transformou-se no milagre da solidariedade e da remissão das mágoas. As lágrimas passaram a inspirar os espíritos na reversão dos males.
Assim foi e assim será, para o sempre.
5 comentários:
Nossa!!!!
Que estória bonita, quase chorei, deu até um nó na garganta. Parabéns!!!
O folclore brasileiro é muito rico,e nos ajuda a sonhar.
Texto erudito e elaborado que explica esta bênção dadas aos homens que é a capacidade de chorar. O choro limpa a alma, acalenta a criança que fica escondida dentro de nós, quietinha e sem espaço para simplesmente ser.
Pena que não são todas as pessoas que conseguem chorar. Sinto ser uma delas. Incrível como estas pessoas são consideradas fortes sem sequer conseguirem expressar a admiração e o desejo de serem capaz de brotar os tão sonhados fios de água.
Linda a estória!
Só espero que a Funai não se meta antes do Walter Salles Jr.negociar contigo os direitos de filmagem e vocês ganharem o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro!
ps//será que é por este motivo que as crianças (e os nem tão crianças assim) choram pra coseguir as coisas?
Lindo. Eu sou um pouco como a minha amiga P.I., mas, quando consigo, dói, dói... e depois vem a paz!
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