quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Decepção atrás da cortina

Relógio da Torre da Prefeitura da Cidade Velha
Praga - 2007
Por definição sentimento de descontentamento ou frustração pela ocorrência de fato inesperado, desapontamento. Ocorre nas melhores famílias. Com qualquer pessoa. Até os monumentos tem decepção. Às vezes com outros monumentos.

Este acontecimento ilustrará um pouco esta sensação monumental. Depois de diversas tentativas, finalmente consegui visitar a Tchecoeslováquia. Não estranhem a referência. Na minha idade as pessoas demoram a acostumar-se com novas denominações. E mesmo porque a minha vontade de conhecer Praga vem desde a época em que o comunismo mantinha os dois países amarrados. As razões não estão relacionadas com a insustentável leveza de nenhum ser e muito menos com qualquer filme rodado nesta cidade (o segundo destino mais procurado pelos diretores de cinema depois de Londres) ou livro de autor local.

Apenas curiosidade turística. As informações recolhidas, principalmente depois da facilidade da internet, permitiram escolher e programar os mínimos detalhes. Em algumas circunstâncias até vivenciar, imaginariamente, as emoções por estar diante de alguns locais ou monumentos. Pois um destes era o relógio da Torre da Prefeitura da Cidade Velha. Ressalte-se o era. Não só porque já esta na lista dos conhecidos, mas porque se houvesse uma lista de decepções turísticas, ele estaria em local de destaque.

Não interrpretem este desabafo com um demérito para o relógio que possui todas as características descritas em guias, sites da internet ou programas do travel channel. A decepção ocorreu mais pela expectativa exacerbada do que pela ausência de algum dos itens descritos como soberbos. Não houve a conjunção da soberba do monumento com a minha soberba. Apenas isso.

A torre é deslumbrante. O relógio tem todos os componentes astronômicos referidos, o que dificulta o simples ato de ver as horas - decepção. No meu conceito relógio, mesmo astronômico, deve mostrar as horas facilmente. O espetáculo da mudança de horário, com animação das figuras da vaidade, avareza e morte e desfile dos doze apóstolos também foi de uma simplicidade comovente, apesar de juntar uma multidão que lembra a saída do trabalho na Torre de Babel. Posso estar enganado, mas sobrou a sensação de que não estive sozinho neste desapontamento e os suspiros da multidão não foram bem de deslumbramento. Isso? OK.

Se realmente a primeira impressão é a que fica tenho certeza de que não aceitarei a missão de escrever uma ode turística a este monumento, em nenhum veículo de divulgação. Algum dos amigos já teve uma decepção semelhante?

4 comentários:

Adriana disse...

Caro intelectual doutor(ficou chic)primeiro ,não se desespere,pior é ver New York pela primeira vez,e depois duas ou tres vezes agente acostuma e passa achar tudo "até bonito".Lembra do prédio onde o macaco subiu???e olha que era um macacão!!!
Se for mais vezes ver o relógio e admirá-lo com o fundo do" seu coração"...vai achá-lo...simpático?

Anônimo disse...

Idem, idem, idem.
Se quiserem eu mostro o filme e o som dos suspiros dos outros.

roberto bezzerra disse...

Apesar de não lembrar no momento, certamente já tive sim algo parecido com este desaponta-
mento...é uma coisa entre ficar olhando o mar e ver uma onda se formar e esperar que ela quebre e nada...e descobrir que papai noel não existe.ou ainda, esperar que a rolha do champanhe estoure e ela só faz aquele barulhinho chocho...

ps//consertei a data no meu post da Etta James,viu? obrigado, revisor!

Christiane disse...

Eu não sou chegada a monumentos exatamente por esta sensação - eles quase nunca são tão grandiosos como na minha imaginação prévia. Quando viajo prefiro investigar o outro lado - o ambiente do quotidiano das pessoas do local!