Venho de um tempo em que o dia era dividido em manhã, tarde e noite. Saliento este fato porque nos dias de hoje não há mais divisões neste período de tempo. A maioria das pessoas sai a uma determinada hora de casa e retorna bem mais tarde. Existe apenas o período de trabalho e o período de não trabalho.
Enquanto ainda tenho memória, lembro o passado. Sem criá-lo. Naqueles dias existiam as manhãs, que eram as partes do dia compreendidas entre o despertar e o almoço. Alguns devem estar estranhando, pois ainda acordam, ainda almoçam e consideram o intervalo, entre um e o outro ponto, como manhã. Astronomicamente estão com a razão, sentimentalmente não.
Os pontos delimitadores da manhã, praticamente não existem. Atualmente simplesmente acorda-se. Não há mais despertar. Não no sentido de abrir-se para um novo momento com expectativas estimulantes, sair de um estado de dormência. O mundo parece que não está vivo antes do meio da manhã. Existe movimento, atividades, até decisões são tomadas, mas ainda no torpor do dia anterior. Uma continuidade nefasta. Sem nenhuma promessa de novo.
Onde ficou aquela esperança pelo bom-dia, a alegria de rever o sol, o desejo de semitons cinzentos, a sede das cores que mudavam com as estações? Definitivamente perdeu-se o despertar como promessa da renovação. Atingimos o patamar de linha de montagem existencial. Tudo é meramente uma continuidade.
E o que dizer do almoço? Para uns deixou de existir a muito tempo, até com uma ponta de orgulho produtivo. Enaltecem os conceitos de - há anos eu não almoço, para que perder tempo, o meio-dia é um momento de maior pique. Para outros é o cumprimento de uma rotina alimentar direcionada para a subsistência e para não determinar uma perda de rendimento na parte da tarde. Saco vazio não para em pé. A máquina não funciona sem combustível. Apenas mais um componente da equação energética indispensável para a sobrevivência.
Almoçar em casa? Nem pensar. Utilizar o tempo para encontrar pessoas queridas e fazer uma escolha alimentar tornou-se um luxo. Mastigar, fazer digestão, saborear são verbos incompatíveis com esta refeição. E deste modo perpetua-se a continuidade. Sem despertar e sem almoço perde-se a noção do tempo.
E nostalgicamente clamo, para onde foram as manhãs?
Enquanto ainda tenho memória, lembro o passado. Sem criá-lo. Naqueles dias existiam as manhãs, que eram as partes do dia compreendidas entre o despertar e o almoço. Alguns devem estar estranhando, pois ainda acordam, ainda almoçam e consideram o intervalo, entre um e o outro ponto, como manhã. Astronomicamente estão com a razão, sentimentalmente não.
Os pontos delimitadores da manhã, praticamente não existem. Atualmente simplesmente acorda-se. Não há mais despertar. Não no sentido de abrir-se para um novo momento com expectativas estimulantes, sair de um estado de dormência. O mundo parece que não está vivo antes do meio da manhã. Existe movimento, atividades, até decisões são tomadas, mas ainda no torpor do dia anterior. Uma continuidade nefasta. Sem nenhuma promessa de novo.
Onde ficou aquela esperança pelo bom-dia, a alegria de rever o sol, o desejo de semitons cinzentos, a sede das cores que mudavam com as estações? Definitivamente perdeu-se o despertar como promessa da renovação. Atingimos o patamar de linha de montagem existencial. Tudo é meramente uma continuidade.
E o que dizer do almoço? Para uns deixou de existir a muito tempo, até com uma ponta de orgulho produtivo. Enaltecem os conceitos de - há anos eu não almoço, para que perder tempo, o meio-dia é um momento de maior pique. Para outros é o cumprimento de uma rotina alimentar direcionada para a subsistência e para não determinar uma perda de rendimento na parte da tarde. Saco vazio não para em pé. A máquina não funciona sem combustível. Apenas mais um componente da equação energética indispensável para a sobrevivência.
Almoçar em casa? Nem pensar. Utilizar o tempo para encontrar pessoas queridas e fazer uma escolha alimentar tornou-se um luxo. Mastigar, fazer digestão, saborear são verbos incompatíveis com esta refeição. E deste modo perpetua-se a continuidade. Sem despertar e sem almoço perde-se a noção do tempo.
E nostalgicamente clamo, para onde foram as manhãs?
3 comentários:
Você realmente me surpreende. Hoje eu esperava um deboche dos grandes e o que encontro, de novo um texto bastante sério, quase melancólico, mas excelente.
O mundo esta deste jeito mesmo, da maneira como você colocou. Já perdemos não só as manhãs para a tal da continuidade, as tardes já não existem mais e as noites virou só um elo entre os dias.
Um grande momento poetico!Fiquei até um pouco nostálgica ao ler tão belo texto.A foto também é muito bonita.Olha!!esta foi uma bela postagem.
Concordo com o tom geral do seu texto... mas acho que os nossos almoços preservam um pouco do papel de interromper a rotina e aproximar os amigos - ainda que a comida seja sofrível!
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