quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Telefone sem fio.

Provavelmente a maioria das pessoas já brincou de telefone sem fio. Ou seja lá o nome que, em outros rincões, seja dado para a brincadeira infantil de contar um fato a uma pessoa que deve passar a outra e assim por diante até que a última declare o fato que lhe foi passado. A diversão está em constatar as mudanças ao longo do trajeto. Quanto mais modificada, melhor.

Um dos grandes problemas da comunicação reside exatamente nesta questão. Em muitas circunstâncias é indispensável que a informação emitida seja recebida, no final da linha, da mesma forma. Sem acréscimos, decréscimos ou interpretações. E nem sempre existe esta garantia. Principalmente, mas não exclusivamente quando esta transmissão inclui diversas gentes.

Por alguma razão imponderável algumas pessoas não conseguem lidar com a informação de uma forma racional e impessoal. Para seu próprio entendimento, ou satisfação, necessitam reinterpretar a mensagem e, invariavelmente, cometem um truncamento indelével que compromete a transmissão. E, se na cadeia de usuários da informação existir um bom número de intermediários ou receptores com esta característica, aí então teremos um resultado semelhante ao do telefone sem fio infantil. Um verdadeiro samba do crioulo doido. Cada qual com a sua mensagem. Se juntarmos tudo isso com a falta de clareza ou transparência na emissão chegaremos bem perto do caos comunicativo e da perda de confiança nas informações.

Em diversas oportunidades, as informações oriundas de autoridades do governo, refletem a cenário descrito acima. Na sua forma completa. Completíssima, diga-se de passagem. Sejam na área econômica, social, empresarial, turística e agora na saúde. Para evitar pânico espero que a seqüência de esclarecimentos sobre a febre amarela, vacinação e cuidados seja um pouco mais controlada.

3 comentários:

Otávio disse...

A brincadeira era muito boa. Aconteciam mudanças bem interessantes na estória original.

Quanto ao governo, deve acontecer da mesma maneira. A prova disso são as trapalhadas bem originais que eles conseguem fazer. Aliás cochicho no pé de ouvido é que não falta no Planalto.

roberto bezzerra disse...

Lembro-me bem da brincadeira, e do sério significado dos resultados, tanto é assim que este exercício era utilizado por algumas empresas na parte de treinamento de pessoal, quando se queria ilustrar as conseqüências - por vezes - desatrosas da falta de cuidado ao transmitir uma mensagem. Qualquer que fosse ela...

Anônimo disse...

É, infelizmente assistimos à essa baderna generalizada no governo, e uma das poucas válvulas de escape são as reclamações virtuais, como a que falei aqui: http://blog.mazza.com.br/2008/01/12/nada-como-desopilar/.

Mas, falando do conceito, eu, como profissional do ramo, não consegui me conter pra dar meu pitaco. O problema da interpretação (e re-interpretação) das mensagens acontece desde que o Homem das Cavernas começou a grunhir e indicar pra Mulher das Cavernas quais eram suas intenções, e ela achava que ele queria passear de mãos dadas e se fez de desentendida.

Por isso, hoje em dia cada vez mais as boas agências/marqueteiros/publicitários/criativos ou quem quer que seja que trabalha a comunicação profissionalmente, sabem que um dos fatores críticos no marketing é a EXPERIÊNCIA que as pessoas têm com as marcas e suas diversas ações de comunicação e/ou relacionamento. Pelo menos é nisso que eu acredito, e muito, como fator de sucesso para a boa comunicação (como trabalho) hoje em dia, e que vale também para a comunicação pessoal, claro.

De nada adianta você fazer uma propaganda linda, onde todo mundo entende sua sacada genial e conta para os outros, se os outros respondem "é, mas o serviço de atendimento deles é um excremento". Ou, na mesma linha, se o cara abre a porta do carro, manda rosas, mas na primeira oportunidade tasca a mão no derriere da mademoiselle. Tudo é uma questão de consistência entre experiências e mensangens... :)