segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Rier is nier de palé?

França 2004
Château de Versailles

Uma das nossas dificuldades no exterior é a língua. Poucos povos falam o brasileiro. Sim, o nosso idioma já se diferenciou tanto do português que os termos, sonoridade e entonação criaram uma lacuna entre o que se fala no Brasil e em Portugal. A solução mais adequada é desenvolver uma fluência naquela que se tornou a língua universal – o inglês.

Para os non-native speakers nem sempre a fluência adquirida permite uma tranqüilidade. Fica sempre a impressão de que se pode não ser compreendido. Principalmente em locais onde o inglês não é a língua oficial. Esta regra vale para algumas pessoas. Para outras, definitivamente não. Fico impressionado como alguns têm uma facilidade de criar uma nova língua e tentar comunicação através dela.

Uma vez íamos de trem para Versailles, observando o caminho, mas também prestando atenção em duas mulheres. Pareciam mãe e filha. Uma no entorno dos 25 anos e a outra com idade indefinida. Poderia ser uns cinqüenta anos conservados ou uns quarenta e poucos demolidos. As duas não paravam de falar. Diversos assuntos e, ... em brasileiro.

Em uma determinada estação as duas resolveram perguntar sobre o local onde descer para o acesso à Versailles. Escolheram uma senhora com aspecto típico de francesa e que lia um livro em francês. De uma forma bastante própria e com um sotaque que lembrava uma refugiada lituana, a mais velha, soltou o verbo e disparou esta pérola lingüística – rier is nier de palé?

Imaginem a cara de espanto da francesa com esta pergunta. Inconformadas com a falta de compreensão da nativa, a pretensa mãe, ainda tentou uma repetição mais pausada, realçando bem os termos e acompanhada por uma gesticulação, para ela característica – rier, apontando para o chão do trem, is nier, movimentando a mão num sentido de vai-e-vém procurando demonstrar distância, de palé, desenhando no ar as torres de um palácio imaginário.

Neste momento a leitora levantou-se e, aproveitando que o trem ainda estava parado, fugiu em desabalada carreira antes que as duas estrangeiras conseguissem persegui-la. A filha, sabiamente, resmungou em alto e bom som que esperava que na França, com todo o desenvolvimento do país, as pessoas entendessem um pouquinho de inglês. Que decepção!

Depois deste desabafo, restou apenas uma atitude de bom-samaritano e explicar que o desembarque para o Château de Versailles seria mais adequado na próxima parada. Em brasileiro, claro.

4 comentários:

Otávio disse...

E devem ter voltado, dizendo a todos, que os franceses são muitos grosseiros para lidar com os turistas. O mal da maioria dos turistas brasileiros lá fora e achar que os nativos têm obrigação de entender o que está sendo falado ou mesmo gesticulado. Confundem um pouco grosseria com um atendimento um pouco mais frio, sem aquela efusiva euforia que encontramos no país tropical.

Bela foto! Cumprimente o fotografo por mim.

roberto bezzerra disse...

Vocês são 2 palhaços !

Jéme setistoar...

Adriana disse...

Agora ....
de que será que voces estão falando!!!Isto morde??viu como a "incultura"prejudica a sobrevivencia??

Anônimo disse...

Felomenal...

Mas, para dar um bom exemplo de como isso pode funcionar quando as pessoas entendem que têm de se fazer entender, e não esperar que os outros "tinham que saber o que estou falando", peça para a Chris contar a história de quando o pai dela queria pedir frango num restaurante na China.... e conseguiu! :)