Vendo hoje os melhores blogs do provedor português SAPO, deparei-me com esta constatação descrita no Rouxinol do Pomar – só há passado se houver memória. Num primeiro momento esta afirmativa pode até parecer surreal, de tão óbvia. Com tempo para reflexão o significado assume contornos diferenciados.
O primeiro deles diz respeito à utilidade da abdicação da memória. Principalmente quando fictícia. Ela permite o desligamento das lembranças de um passado real e a reestruturação de uma nova memória. O que não existe torna-se substituível. O esquecimento possibilita a criação de uma memória conveniente e, consequentemente, de um novo passado. Fundamentado em experiências de sucesso atual ou para impulsionar um futuro vantajoso é possível reescrever o que já aconteceu. Em diversas oportunidades, isto é o que acontece com a história. Depois das vitórias, a memória dos vitoriosos se perpetua. A verdade passa a ser a do vencedor, mesmo quando totalmente alheia à realidade. E dá um trabalho revirar a memória em busca do passado correto.
O segundo reflete a melancolia e o pesar pela perda genuína da memória. Se eu sou eu e a minha circunstância, como bem ponderou Ortega y Gasset, a perda do remoto comprometerá o eu presente e futuro. A construção da identidade pessoal tem uma contribuição preponderante daquilo que vivemos, fomos, pensamos e quantas mais ações ocorridas no passado. E o seu resgate necessita de uma memória intacta e fidedigna. O sistema de indexação e busca de acontecimentos, fatos e percepções passadas não pode ter descontinuidade sob o risco da ocorrência de um fenômeno similar ao descrito anteriormente. O que não existe torna-se substituível. Agora não mais de uma forma imaginária. Concretamente o vazio necessita ser preenchido. A incessante busca de uma memória perdida, além de não resgatar o passado determina uma crise de reconhecimento da própria circunstância, e a sua substituição. Com todas as conseqüências desastrosas.
Desta forma, o resultado mais nocivo da perda de memória não é somente não haver passado. É o espectro de um novo passado, mesmo quando construído por vontade ou necessidade.
O primeiro deles diz respeito à utilidade da abdicação da memória. Principalmente quando fictícia. Ela permite o desligamento das lembranças de um passado real e a reestruturação de uma nova memória. O que não existe torna-se substituível. O esquecimento possibilita a criação de uma memória conveniente e, consequentemente, de um novo passado. Fundamentado em experiências de sucesso atual ou para impulsionar um futuro vantajoso é possível reescrever o que já aconteceu. Em diversas oportunidades, isto é o que acontece com a história. Depois das vitórias, a memória dos vitoriosos se perpetua. A verdade passa a ser a do vencedor, mesmo quando totalmente alheia à realidade. E dá um trabalho revirar a memória em busca do passado correto.
O segundo reflete a melancolia e o pesar pela perda genuína da memória. Se eu sou eu e a minha circunstância, como bem ponderou Ortega y Gasset, a perda do remoto comprometerá o eu presente e futuro. A construção da identidade pessoal tem uma contribuição preponderante daquilo que vivemos, fomos, pensamos e quantas mais ações ocorridas no passado. E o seu resgate necessita de uma memória intacta e fidedigna. O sistema de indexação e busca de acontecimentos, fatos e percepções passadas não pode ter descontinuidade sob o risco da ocorrência de um fenômeno similar ao descrito anteriormente. O que não existe torna-se substituível. Agora não mais de uma forma imaginária. Concretamente o vazio necessita ser preenchido. A incessante busca de uma memória perdida, além de não resgatar o passado determina uma crise de reconhecimento da própria circunstância, e a sua substituição. Com todas as conseqüências desastrosas.
Desta forma, o resultado mais nocivo da perda de memória não é somente não haver passado. É o espectro de um novo passado, mesmo quando construído por vontade ou necessidade.
Um comentário:
Que texto sério é este cara?
Aliás, fico na dúvida de qual jeito eu gosto mais, se sério ou das outras maneiras que vai do deboche a tal da tênue linha entre a verdade e a ficção. De qualquer maneira pode ter certeza de que gosto de todos. Como já disse no post anterior sou seu maior fã.
Agora, exercendo a reflexão como você pediu, fico com o primeiro significado que apesar de quase sugerir que você faça uma trapaça consigo mesmo, é bem melhor que o segundo, que nos leva a pensar em uma tristeza muito grande.
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