As cantigas de roda preencheram uma boa parte da infância de alguns nós. Mas passaram. Não é uma questão de saudosismo. Apenas uma constatação. Dificilmente uma cantiga de roda distrai uma criança, nos dias de hoje.
E como eram criativas e fantasiosas as cantigas. Escravos jogavam caxangá, flores brigavam entre si, caranguejos transformavam-se em peixes na virada da maré, anjos roubavam corações e ruas eram ladrilhadas com pedrinhas de cristal. Quantas horas passaram distraídas ao som de vozes infantis entoando, sem a mínima afinação, os versos:
Ai, eu entrei na roda
Ai, eu não sei como se dança
Ai, eu entrei na rodadança
Ai, eu não sei dançar
Todo mundo se admira da macaca fazer renda
Eu já vi uma perua ser caixeira de uma venda
Não importa o quão extraordinário ou incrível pudesse parecer os animais realizarem tarefas humanas, cada um dos participantes, mesmo aqueles mais céticos, formavam a sua imagem. Cantavam e divertiam-se. A importância estava justamente em não ser verídico. O absurdo preenchia o imaginário. Sempre num crescente criativo – se a macaca rendeira já era um espanto imaginem uma perua lidando com cobranças e trocos.
Sim, naquela época, vivia-se num mundo próprio de danças e contradanças, com a inquebrantável confiança de ter a vida toda pela frente para aprender sobre aquele que viria a ser o verdadeiro, criativo e fantasioso mundo real.
* xilogravura Ciranda, imagem obtida no site da artista plástica Yole Travassos.
E como eram criativas e fantasiosas as cantigas. Escravos jogavam caxangá, flores brigavam entre si, caranguejos transformavam-se em peixes na virada da maré, anjos roubavam corações e ruas eram ladrilhadas com pedrinhas de cristal. Quantas horas passaram distraídas ao som de vozes infantis entoando, sem a mínima afinação, os versos:
Ai, eu entrei na roda
Ai, eu não sei como se dança
Ai, eu entrei na rodadança
Ai, eu não sei dançar
Todo mundo se admira da macaca fazer renda
Eu já vi uma perua ser caixeira de uma venda
Não importa o quão extraordinário ou incrível pudesse parecer os animais realizarem tarefas humanas, cada um dos participantes, mesmo aqueles mais céticos, formavam a sua imagem. Cantavam e divertiam-se. A importância estava justamente em não ser verídico. O absurdo preenchia o imaginário. Sempre num crescente criativo – se a macaca rendeira já era um espanto imaginem uma perua lidando com cobranças e trocos.
Sim, naquela época, vivia-se num mundo próprio de danças e contradanças, com a inquebrantável confiança de ter a vida toda pela frente para aprender sobre aquele que viria a ser o verdadeiro, criativo e fantasioso mundo real.
* xilogravura Ciranda, imagem obtida no site da artista plástica Yole Travassos.
3 comentários:
Boa época. Excelentes lembranças.
Eu não gostava de cantigas de roda ,mas sempre achei culturalmente legal.
ah...eu gostava de cantigas de roda sim... Tinha pena da Senhora viúva que tinha de escolher entre o filho do conde ou o "seu" general...E também pensava na época, que a pessoa que não podia ladrilhar a rua com pedrinhas de brilhantes, era uma pessoa de poucos recursos...ora vejam....
que tempo bom!!
hoje temos "Ilariariê,ô,ô,ô" e coisas bem piores....
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