quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Símbolos do Natal - o presépio.

As minhas lembranças de Natal incluem, em lugar de destaque, o presépio, a coroa de advento e a Missa do Galo. Certo, todos os anos nós montávamos a árvore de Natal. A diversão começava por escolher o pinheiro. Principalmente porque era uma atividade eminentemente paterna. A tarefa resumia-se a buscar o nosso pinheiro – não importava o tamanho, o tipo desde que ele fosse adotado pelas crianças. A montagem e a colocação dos enfeites tinham a participação de todos. Até eu, o caçula, ajudava retirando as bolas das caixas e entregando aos mais velhos para prenderem no pinheiro. Com o máximo de cuidado e concentração, pois todos os enfeites eram quebráveis. E o gran finale – a colocação da ponteira de estrela. Novamente tarefa paterna.

Mesmo com todo este ritual a armação do pinheiro perdia de longe para a montagem do presépio. Este sim era o símbolo do Natal. Era não, ainda é – há mais de 50 anos a mãe continua a montar o presépio. O mesmo presépio. As figuras principais – Jesus, Maria e José eram de gesso pintado. As demais figuras eram de massa pintada. E como tinham figuras. A representação da Sagrada Família era apenas uma parte do presépio. Tinham pastores, a vaca e o jumento e uma verdadeira fazenda que mais lembrava a ante-sala da arca de Noé.

Não sei de onde vem a tradição, se é que vem de algum lugar, mas o nosso presépio tinha galo, galinhas e pintinhos, perus, patos, marrecos, boi, vaca, ovelhas, cabritos e vários outros animais. Tinham os camelos dos reis Magos e os próprios. A montagem era sempre na lareira da sala de estar. A parte posterior, era transformada em estábulo com cobertura de barba-de-pau e palha no chão. Nas laterais e na frente ficavam as demais figuras, compondo uma paisagem com lago artificial, um poço de massa onde os aldeões iam buscar água, areia do deserto e oásis e um caminho verdejante que levava até a entrada do estábulo. Em cima do estábulo a Estrela guia.

O menino Jesus só aparecia na madrugada do dia 25 de dezembro, depois da volta da Missa do Galo. Depois íamos dormir. E os presentes? Só na manhã do dia de Natal. Cada um corria para descobrir o seu. A cerimônia de entrega era substituída pela alegria de encontrar o nome no pacote. Quem não sabia ler contava com a ajuda dos letrados. Nunca vi um Papai Noel em casa.

Talvez por isso nunca demos muita importância para o pobre velhinho. Mas com certeza ficávamos impressionados como ele conseguia descer pela chaminé sem estragar o presépio. Provavelmente uma questão de respeito e hierarquia.

4 comentários:

Otávio disse...

Eu sempre fiquei fascinado pelos comemorativos do Natal, a Árvore de Natal eu acho que é o mais comum deles, só penso que este jeito moderno de enfeitar acabou por quebrar um pouco o encanto. Acaba parecendo uma árvore com um capacete iluminado. Para mim, o presépio é o símbolo mais natalino de todos. Como todo bom cristão, gosto de ser lembrado que a data é principalmente o nascimento de Jesus.

Adriana disse...

Realmente é um grande mestre.É sempre bom ler suas colocações,me senti até meio em falta nunca falei as meninas sobre presépios,e nem montei ,vou correndo comprar um,lhe devo mais essa.Um grande beijo.

Lele disse...

Na casa da minha mãe tinha uma jardineira de cerca de 2,5m de comprimento na sala. Era lá que eu, todos os anos, montava o presépio.
Colocava o menino jesus apenas no dia 25 e fazia os Reis Magos andarem a partir de então em direção a manjedora.. eu adorava ser responsável por isso...

roberto bezzerra disse...

Já na minha casa, a estrela da festa era a árvore.
Até tinha presépio, pequeno, comedido, por obra e graça da minha mãe pois era um gosto pessoal. Já o resto da família fi-
cava unida pela árvore e todo o ritual de cuidados em montá-la pois como tu falaste, on enfeites eram quebráveis... e depois o prazer de ficar contemplando a obra da família inteira.