O que estou fazendo aqui? - pergunta-se a moça bonita vestida com sobretudo claro e botas marrons, desafrouxando um pouco a echarpe magenta que lhe apertava o pescoço. Parecia estar pisando em nuvens, como num cenário do Mágico de Oz.
Parecia, não, estava realmente pisando em nuvens.
Uma luz brilhante lhe impedia a visão clara do caminho e seguiu levada pela multidão até uma construção que lembrava um guichê de repartição pública. Na verdade, o guichê parecia saído do palco de um programa infantil. O auxiliar observou-a atentamente e, como se pudesse ler pensamentos preencheu o formulário de admissão – causas não naturais. Depois lhe indicou para seguir adiante até encontrar uma fila e a orientação – Juízo Final. Uns poucos metros adiante encontrou uma fila enorme, parecendo de posto de atendimento médico de países do terceiro mundo. A fila caminhava vagarosamente.
Neste momento percebeu que estava se encaminhando diretamente para o juízo final sem nenhuma possibilidade de apelação. A ficha caiu, estava morta e ia prestar contas ao Senhor. Não era justo. Como em todo o sistema judiciário deveria haver diversas instâncias e a possibilidade de apelar para um Tribunal Supremo. E assim, retardar em anos uma decisão final.
Neste momento um anjo passou voando e lhe assoprou – caso não tenha notado, este já é o Tribunal Superior. Impressionada com a informação do anjo, olhou para o lado e notou que as pessoas se apresentavam de uma forma humilde. Quase todas usavam uma espécie de bata branca, muito alva e brilhante. Procurou fingir que não havia notado a diferença entre os trajes, mesmo porque ela tinha certeza que a bata não iria combinar com o seu tom de pele, ainda mais depois das sessões de bronzeamento artificial. Uma fortuna desperdiçada, pois agora não teria mais serventia. A cada momento ela empalidecia mais. Será que algum daqueles gentis anjos lhe informaria sobre a existência de um local onde ela pudesse solicitar o reembolso dos custos do bronzeamento? Não tinha certeza de que o código do consumidor tivesse vigência naquele local. Mas não custava tentar.
A primeira informação que lhe deram foi de que, em hipótese alguma, deveria dirigir a palavra ao juiz. Apenas responder as perguntas. Logo agora que estava morrendo de curiosidade para saber que produto ele utilizava para manter a barba tão branca e com uma aparência sedosa. Ah, se pudesse descobrir esta informação levantaria um bom dinheiro com a avó. A velha, apesar de rica, só soltava a grana para questões do seu interesse. E esta certamente era um delas.
Pronto, chegara a sua vez – estava diante do grande Juiz. O Senhor olhou-a de cima a baixo e fez apenas uma pergunta: qual o final do último livro do Robert? Antes que ela respondesse notou as asas crescerem nas suas costas.
Agora pertencia definitivamente àquele lugar.
Parecia, não, estava realmente pisando em nuvens.
Uma luz brilhante lhe impedia a visão clara do caminho e seguiu levada pela multidão até uma construção que lembrava um guichê de repartição pública. Na verdade, o guichê parecia saído do palco de um programa infantil. O auxiliar observou-a atentamente e, como se pudesse ler pensamentos preencheu o formulário de admissão – causas não naturais. Depois lhe indicou para seguir adiante até encontrar uma fila e a orientação – Juízo Final. Uns poucos metros adiante encontrou uma fila enorme, parecendo de posto de atendimento médico de países do terceiro mundo. A fila caminhava vagarosamente.
Neste momento percebeu que estava se encaminhando diretamente para o juízo final sem nenhuma possibilidade de apelação. A ficha caiu, estava morta e ia prestar contas ao Senhor. Não era justo. Como em todo o sistema judiciário deveria haver diversas instâncias e a possibilidade de apelar para um Tribunal Supremo. E assim, retardar em anos uma decisão final.
Neste momento um anjo passou voando e lhe assoprou – caso não tenha notado, este já é o Tribunal Superior. Impressionada com a informação do anjo, olhou para o lado e notou que as pessoas se apresentavam de uma forma humilde. Quase todas usavam uma espécie de bata branca, muito alva e brilhante. Procurou fingir que não havia notado a diferença entre os trajes, mesmo porque ela tinha certeza que a bata não iria combinar com o seu tom de pele, ainda mais depois das sessões de bronzeamento artificial. Uma fortuna desperdiçada, pois agora não teria mais serventia. A cada momento ela empalidecia mais. Será que algum daqueles gentis anjos lhe informaria sobre a existência de um local onde ela pudesse solicitar o reembolso dos custos do bronzeamento? Não tinha certeza de que o código do consumidor tivesse vigência naquele local. Mas não custava tentar.
A primeira informação que lhe deram foi de que, em hipótese alguma, deveria dirigir a palavra ao juiz. Apenas responder as perguntas. Logo agora que estava morrendo de curiosidade para saber que produto ele utilizava para manter a barba tão branca e com uma aparência sedosa. Ah, se pudesse descobrir esta informação levantaria um bom dinheiro com a avó. A velha, apesar de rica, só soltava a grana para questões do seu interesse. E esta certamente era um delas.
Pronto, chegara a sua vez – estava diante do grande Juiz. O Senhor olhou-a de cima a baixo e fez apenas uma pergunta: qual o final do último livro do Robert? Antes que ela respondesse notou as asas crescerem nas suas costas.
Agora pertencia definitivamente àquele lugar.
3 comentários:
Gostei tanto que pra não morrer de inveja, fiz um post igual. E, não contente com isto, convidei os amigos confrades para fazer o mesmo.
Foi uma excelente tática. Gostei muito do teu texto. Vamos esperar pela contribuição dos outros confrades.
Mesmo sem bronzeamento artificial,que tal ganharmos asas???Que bom que retornou,estava com saudades!!
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