quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Desorientação.

Ontem duas amigas se perderam no caminho entre Alphaville e o Morumbi, mesmo com todos os cuidados para chegarem a um destino que não conheciam. Passada a apreensão inicial de que o episódio fosse um deja-vu da antiga série televisiva, na qual um grupo de terráqueos ficava perdido por longo tempo, vagando no espaço, o fato merece uma análise detalhada. Primeiramente, não compreendi a afirmativa de que as envolvidas seriam pretensamente inteligentes. O fato de transformar um suplício em uma situação divertida, pelo menos para os amigos, serve como demonstração inequívoca de inteligência. Pode até ser uma inteligência seletiva.

Nas suas declarações públicas as envolvidas apelam para qualificações profissionais que em nada contribuem para uma orientação em tempo e espaço. Se, ao menos, alguma delas fosse taxista, controladora de trafego, detetive particular, espiã da CIA ou mesmo operadora de sistema de localização por satélite, ainda vá lá. Especialistas em informação, referem em determinado momento, como se esta especialização fosse benéfica. Em alguns casos a especialização leva justamente a estes transtornos. Elas são especialistas na busca de informações corretas, interpretação e criação de uma cadeia de valor. Nada indica, ou obriga, que as mesmas estejam aptas ou capacitadas a receber informações e utilizá-las, imediatamente, numa cadeia de valor próprio.

Além do mais, apesar de todos os qualificativos descritos não se deve esquecer o gênero das envolvidas no incidente. Mulheres são naturalmente distraídas. Sem questões machistas ou feministas, não estou inferindo juízo de valor nesta afirmativa e nem questionando se os homens, também, não têm a sua parcela de distração. Mas a boa conversa deve ter contribuído para o desvio do caminho correto.

Quando não se domina uma determinada situação busca-se auxílio pessoal ou tecnológico para resolver a questão. Existem diversas possibilidades para não errar um caminho, que não envolvem somente o aprendizado do caminho. As mais simples envolvem a delegação do conhecimento do caminho para outrem, indo de transporte público ou táxi, até as mais sofisticadas como a contratação de um helicóptero. Neste ponto se revela a capacidade de seleção e escolha das pessoas. As referidas desorientadas erraram ao confiar ou superestimar as ferramentas de resolução escolhidas. Por ordem - um sistema localizatório, referencial super-hiper moderno que depende de habilidade e treinamento de uso, bola fora; um amigo tão desorientado quanto as envolvidas, segunda bola fora e, finalmente, acreditar que depois de instalado o riso ou o pânico elas teriam condições de reencontrar o caminho, terceira bola fora.

A única solução verdadeiramente útil não foi tentada – recorrer a um especialista em caminhos! Que uma delas tem à disposição e sem custo, em casa. Com certeza teriam chegado a tempo, sem estresse e ainda com um patamar mais elevado de auto-conhecimento.

5 comentários:

Adriana disse...

O nobre amigo me surpreende ao afirmar em suas colocações que mulheres são naturalmente distraídas.Quero lembrá-lo que não existem trabalhos científicos que comprovem tal fato,sendo que não há nenhum trabalho indexado sobre tal afirmativa.Cientificamente temos menos neurônios ,porém com atividade cerebral mais regular e harmoniosa.E francamente,se perder em um local desconhecido ou não reconhecido é normal a qualquer genero.

Otávio disse...

Não concordo com a Adriana, tem certas coisas que não precisa de trabalho científico para ser constatado. Basta um aguçado poder de observação. (rs)

Anônimo disse...

Eu nem vou entrar nessa discussão, pois meu moral não está a altura. Mas, a respeito dos auxílios domésticos, o especialista em caminhos tem foco em trechos à pé e en castellano!

Anônimo disse...

Eu nem vou entrar nessa discussão, pois meu moral não está a altura. Mas, a respeito dos auxílios domésticos, o especialista em caminhos tem foco em trechos à pé e en castellano!

Anônimo disse...

Bom, eu também não estou com a moral a altura para me defender pois era a co-pilota em questão, e tem coisas, como nosso amigo Otávio disse que basta observação, não requer trabalhos científicos.. já pensaram se algum cientista estilo Odilonesco escrevesse um artigo sobre desorientação feminina?? Bizarro seria o trânsito no dia seguinte, não?