Maria Rosa
Roberto Bezz, 1996
Desde a adolescência era um suplício. Constantemente pensava naquilo e necessitava daquilo. Se fosse homem tinha certeza que passaria despercebido da família, dos amigos e mesmo da comunidade. Que os meninos vivessem praquilo, era até esperado. Chamar-lhes à atenção era um pouco de charme, para manter os bons costumes e a tolerância, mas no fundo aquilo era visto como um símbolo de virilidade.
Com as mulheres era diferente. A simples constatação da existência do desejo já era interpretada como pecado. A socialização do desejo, então, era coisa impura. Finalmente, a busca pela realização do desejo, bem isto só combinava com as perdidas. A castidade, em pensamentos, palavras e obras, era considerada a virtude suprema e todos os esforços deveriam ser dirigidos para a manutenção de uma pureza do corpo e da alma.
Mas para ela tudo era diferente. O som das palavras chulas despertava uma ansiedade que ela não sabia descrever bem, um misto de repulsa e prazer. As imagens eróticas e mesmo as pornográficas lhe causavam arrepios. Desde cedo compreendeu que gostava daquilo e queria muito aquilo. E não via motivo para não manifestar este desejo. Sem agredir a humanidade ou provocar transtornos sociais, queria apenas satisfação. Para os outros não era uma mulher normal, era aquela com desejos constantes e anormalmente fortes - assim o dicionário, e as outras pessoas a definiam.
Além da limitação na aceitação social, ainda havia os problemas decorrentes da interpretação pelos parceiros. Eles, definitivamente, não estavam preparados para algumas atitudes de busca e satisfação. Não partindo das mulheres. Alguns ficavam assustados, outros a repeliam categoricamente e a maioria não passava do primeiro encontro. Apesar de saber que não havia nada de errado com as suas atitudes, sofria com isto.
Não queria conduzir nenhum movimento de liberação feminina. Não estava a fim de modificar hábitos de outras mulheres que se contentavam com as suas circunstâncias. Gostaria de poder ser como era. Ansiava apenas por desejar o desejo. Na sua própria medida, no seu tempo e nas suas condições. As outras encontrariam seu caminho.
Estes pequenos detalhes que para ela pareciam restritos a sua pessoa causavam quase uma comoção social. Percebia que as pessoas não conseguiam ficar indiferentes, todas queriam fazer o seu juízo sobre a situação. Quem era esta mulher com atitudes subversivas contra a ordem estabelecida e que mantinha o equilíbrio do universo. Quem era esta louca?
Nesta hora, lembrava dos versos - seu nome é Maria Rosa, seu sobrenome, Paixão.
Com as mulheres era diferente. A simples constatação da existência do desejo já era interpretada como pecado. A socialização do desejo, então, era coisa impura. Finalmente, a busca pela realização do desejo, bem isto só combinava com as perdidas. A castidade, em pensamentos, palavras e obras, era considerada a virtude suprema e todos os esforços deveriam ser dirigidos para a manutenção de uma pureza do corpo e da alma.
Mas para ela tudo era diferente. O som das palavras chulas despertava uma ansiedade que ela não sabia descrever bem, um misto de repulsa e prazer. As imagens eróticas e mesmo as pornográficas lhe causavam arrepios. Desde cedo compreendeu que gostava daquilo e queria muito aquilo. E não via motivo para não manifestar este desejo. Sem agredir a humanidade ou provocar transtornos sociais, queria apenas satisfação. Para os outros não era uma mulher normal, era aquela com desejos constantes e anormalmente fortes - assim o dicionário, e as outras pessoas a definiam.
Além da limitação na aceitação social, ainda havia os problemas decorrentes da interpretação pelos parceiros. Eles, definitivamente, não estavam preparados para algumas atitudes de busca e satisfação. Não partindo das mulheres. Alguns ficavam assustados, outros a repeliam categoricamente e a maioria não passava do primeiro encontro. Apesar de saber que não havia nada de errado com as suas atitudes, sofria com isto.
Não queria conduzir nenhum movimento de liberação feminina. Não estava a fim de modificar hábitos de outras mulheres que se contentavam com as suas circunstâncias. Gostaria de poder ser como era. Ansiava apenas por desejar o desejo. Na sua própria medida, no seu tempo e nas suas condições. As outras encontrariam seu caminho.
Estes pequenos detalhes que para ela pareciam restritos a sua pessoa causavam quase uma comoção social. Percebia que as pessoas não conseguiam ficar indiferentes, todas queriam fazer o seu juízo sobre a situação. Quem era esta mulher com atitudes subversivas contra a ordem estabelecida e que mantinha o equilíbrio do universo. Quem era esta louca?
Nesta hora, lembrava dos versos - seu nome é Maria Rosa, seu sobrenome, Paixão.
2 comentários:
Não prejudicando ninguém, que mal tem? Muito legal!
Viu porque tem que escrever um livro??Muito dez!!
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