sexta-feira, 11 de julho de 2008

Treze badaladas.

Existem relíquias que não tem preço. Quer pelo valor intrínseco do bem, quer pelo valor sentimental que elas criam. Outras têm o seu valor determinado pela raridade. De uma forma geral quanto menor o número de itens de um mesmo produto, disponíveis na natureza, maior o valor alcançado. Desta forma acredito que na casa de minha mãe tenhamos uma verdadeira fortuna na parede.

Trata-se de um relógio. A valorização presumida não se deve à antiguidade do bem em questão e nem ao fato de ter sido construído por um artesão famoso. A raridade da peça repousa nas badaladas emitidas. Todos os relógios que conheço batem as horas de acordo com a seqüência de tempo. Assim é que soam duas badaladas às duas horas, cinco badaladas às cinco horas, dez badaladas às dez horas, numa correspondência singular. Ao meio dia, doze badaladas.

Depois das doze, alguns relógios repetem novamente - uma badalada para a uma da tarde, duas para as duas horas... Outros seguem a seqüência e batem treze vezes para uma da tarde, catorze para as duas e toca o barco. Até hoje não encontrei peça que misture estes dois padrões. Exceto a relíquia da velha senhora. Este relógio segue o padrão de badaladas das horas repetidas – as duas da manhã e as duas da tarde ele bate duas vezes, as seis da manhã e as seis da tarde repete seis badaladas.

Nada de estranho, exceto pelas badaladas das treze horas, correspondente a uma hora da tarde. Neste horário e somente neste horário ele bate treze vezes. Depois bate duas vezes, três vezes e a tarde segue mansamente. A uma da manhã ele bate apenas uma vez. Todos os relojoeiros consultados não souberam informar o porquê. Já foram feitos três workshops internacionais, dois deles na Suíça e não foi encontrada explicação para o fenômeno. Talvez seja um traço de personalidade do relógio. Temperamental, não é mesmo?

6 comentários:

roberto bezzerra disse...

eu imagino a Velha Senhora, Maria Nedda Thereza contando as origens deste relógio mal-assombrado...

MARIPA disse...

O relógio foi sempre assim ou com o passar do tempo começou a descontrolar -se?

Se não sinais derivados da antiguidade só pode ser um relógio com uma personalidade muito assumida. Admiro relógios temperamentais!

Beijo carinhoso.

Otávio disse...

Eu já conhecia a história contada pela própria dona do relógio. Gostei muito de ter visto ela escrita em seu blog. Aliás, não sei qual versão gosto mais, os dois têm um jeito muito especial de narrar história. Mesmo a mesma história.

Nanda Nascimento disse...

Tem coisas que não tem explicação não é mesmo, mais que intriga ,intriga.

Um excelente final de semana!!

Beijos e flores!!

Adriana disse...

Se explica sim!Ele como menino mimado queria chamar a atenção!Mãe explica tudo não é?

Anônimo disse...

Passei para desejar uma excelenete semana. E deixar uma grande beijoca.


Beijos