sexta-feira, 6 de junho de 2008

Instantâneos paulistanos (4).

Ainda sobre engarrafamentos. A observação das atividades das pessoas durante os engarrafamentos, em São Paulo, renderia uma série de trabalhos sociológicos de qualidade. Hoje pela manhã tive a oportunidade de presenciar uma cena cuja ocorrência seria impensável há dez ou mais anos atrás.

Num momento de lentidão maior do trânsito observei que o rapaz, no carro ao lado, realizava procedimentos de toucador, explicitamente. Com o auxílio do espelho do carro e uma escova ele fazia um penteado. Não uma simples escovação de cabelo, com o intuito de ajeitá-lo. No lugar deste ato prosaico, tive a oportunidade de assistir a uma refinada montagem do topete, com direito a elaborados floreios da escova, quase como os movimentos da raquete de tênis para desferir golpes certeiros na bola. Numa lenta e descarada demonstração de vaidade o topete foi feito e refeito diversas vezes até completar a obra-prima, sob os olhares atentos da multidão no trânsito.

Sem ferir a virilidade do moço, que a meu ver não ficou comprometida em nada, imaginei a cena seguinte com direito a retirada de sobrancelha e uso de protetor labial. Sem o menor constrangimento. Depois de pronto, à luta. Com certeza o dia seria mais feliz com os retoques na aparência.

Sinal dos tempos.

6 comentários:

Otávio disse...

Eu fico impressionado com esta moçada. Acho que até com uma pontada de ciúme. Não estão nem ai para as atitudes que até a pouco tempo seria um arranhão na masculinidade. Tem mais é que ser vaidoso mesmo. Eu se tivesse idade iria ter um topete dos mais caprichados.

roberto bezzerra disse...

achei ótima a ilustração !

Adriana disse...

Levando em consideração a minha idade e que quando adolescente,isto seria uma atitude duvidosa,e sem ter a menor intensão de mudar minha opinião até ter que engolir os genros,eu diria" ISTO É UMA TREMENDA BICHONA!"

Nanda Nascimento disse...

Bem, pelo menos ele distraiu á todos com o seu toque de vaidade, porque ficar em engarrafamento sem umas cenas raras como essa é osso.

Beijos e flores!!!

andorinha disse...

Vejamos o lado positivo... aproveitar o tempo perdido num engarrafamento é uma forma de demonstrar espírito prático :-)

Ana disse...

Desvantagem de quem habita a encosta do mar... não há engarrafamentos.
Um beijo para quem vive na cidade.