domingo, 3 de maio de 2009

Le déjeneur sur l’herbe

Le déjeneur sur l'herbe
Edouard Manet, 1863


Em algumas comunidades, ou mesmo em civilizações inteiras, existem celebrações que marcam a mudança de status de determinados membros. Estes atos são conhecidos, genericamente, como ritos de passagem ou de iniciação. A manifestação social destes acontecimentos inclui rituais místicos, cerimônias religiosas, modificações fisiológicas, festas pagãs ou mero compromisso firmado em documentos cartoriais. Independentemente da forma da comemoração, o sentido social destes ritos pode ser resumido no abandono de velhas atitudes e mudanças de comportamento, a partir deste ponto. Como o conteúdo simbólico implica mudança de valores, nada será como antes, nem para o membro nem para a comunidade.

Na semana passada, tive a oportunidade de participar de um destes ritos. Bem menos primitivo que alguns ainda existentes em diversos cantos do mundo, mas nem por isso menos significativo. Participei de um piquenique. Sim, a forma festiva foi de um mero piquenique. Entretanto o significado comunitário foi bem mais amplo. Tenho a certeza de que, a partir deste ritual legendário de alimentação sobre a relva, deste simples gesto de compartilhamento de víveres, esta comunidade mudou.

Para alguns o simples fato de ter pique para participar de um piquenique (trocadilho besta, meu) já seria uma demonstração clara da importância dada ao “fazer parte do grupo”. E que grupo! De uma heterogeneidade fabulosa, eles reconhecem que os novos compromissos comuns contam mais do que a bagagem individual construída até o momento. Como mensagem final fica que apesar das diferenças estamos no mesmo barco e gostamos de estar. Com descontração e alegria estreitaram-se laços. Passamos para uma nova fase.

Assim foi. Um verdadeiro rito de passagem.

PS: para os mais afoitos, esclareço que nenhum dos componentes do grupo esteve desnudo. Apesar de terem insistido para que eu experimentasse um determinado prêmio, as súplicas foram em vão. O nosso evento foi um “déjeneur avec décence”.

Um comentário:

Adriana disse...

O caro mestre em um " pik-nik" é uma coisa histórica e não um rito de passagem.

este quadro já deu muto o que falar...

hummmm ,as imaginações são ferteis!