sábado, 13 de dezembro de 2008

Amizades, afinidades e seleção natural.


Amigo é coisa para se guardar, do lado esquerdo do peito. Assim fala a canção que se ouve na América e em outros lugares. Uma exaltação merecida à amizade. A continuidade da letra refere que tempo e distância não interferem nesta relação. Pelo menos quando ela é verdadeira. Sem crítica a qualidade da música, questiono a mensagem. A amizade descrita como uma forma de sentimento único.

Independentemente de definição ou conceito, encontráveis em dicionários, este sentimento é interpretado e vivenciado de formas diferentes pelas pessoas. Algumas até criam critérios de qualificação e estratificação para amizade, reforçando o princípio da diversidade. Amigo é aquele com quem nos preocupamos, no sentido de estar ou ficar bem. E despendemos energia para isto. Este dispêndio energético pode envolver pensamentos positivos, preces, lágrimas, presença física, transferências bancárias, viagens intergalácticas ou apenas cuidar. Não se mensura uma amizade pelo indicador de “coisas feitas para”. Assim uns são amigos de um jeito e outros de outros. Cada macaco no seu galho. Apenas o compromisso de um se importar com o outro.

Mas será que a amizade deve, sempre, ser acompanhada de reciprocidade de afeto. Com exigências de intensidade, tempo e disponibilidade eqüitativas. Será, mesmo que a amizade deve escorregar para perto da possessão? Não seria possível haver percepções distintas entre os envolvidos, sem a obrigatoriedade de uma correspondência biunívoca, válida para a teoria de conjuntos, mas distanciada das relações humanas? Fulano é amigo de beltrano se, e apenas se beltrano é amigo de fulano. Invoco a existência de uma amizade egoística. Que se basta. Sem cobranças ou reciprocidades. Sou amigo. E o outro? Não sei? Ele que reflita.

Desta forma, também acredito que o processo de amizade sofra influência da seleção natural. Existem amigos que sempre participam da vida de outros e, portanto, permanecem pela eternidade. Outros vêm com o vento e ficam enquanto dure uma afinidade. São amizades transitórias. Nem por isso menos verdadeira ou intensa - apenas com timing diferenciado. Assim são os amores, os ódios e muitos outros sentimentos humanos - uns criam raízes outros passam.

PS: se o Ian tem razão (vide comentário no blog da Lele) e filosofar é um sinal de desejo de vodka, quero a minha na veia.

5 comentários:

Nanda Nascimento disse...

Não costumo classificar meus amigos, estes são os meus melhores e tal, ou são amigos ou não são.

Gostei do texto, e pode filosofar á vontade.

Beijos e flores!

Adriana disse...

Concordo com a Nanda ou é amigo ou apenas companheiro.

Lele disse...

ai ai ai...
ADORO!!!

Fay van Gelder disse...

Concordo com a Nanda:)

Kiss

MARIPA disse...

A Amizade conquista-se ...

Os Amigos guardam-se bem...são tesouros que não podemos perder.

Beijo carinhoso, amigo Odilon.