terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Autores desconhecidos (2)

Lamento mouco (1959)

case non ouzo o si
pensamento non aflora
padezo así
coración só chora
que será de ti
canta demora!



Este singelo poema representa bem a força criativa de um dos mais populares trovadores da atualidade – Samuel Dench.

Professor de literatura galega medieval na Norwich University. De origem camponesa, muito humilde, perdeu a mãe e o pai em tumultos anarquistas na Irlanda. Aprendeu a ler e escrever, formalmente, apenas com 15 anos, quando fugiu para um pequeno pueblo na Galícia (Porto de Abaixo). Desenvolveu o gosto pela trova galega desde cedo.

Desta fase são os primeiros cantos, copilados na obra O Buraco é mais Abaixo (1952). Nos anos 60 aparecem os primeiros sinais de um distúrbio emocional que se manifesta ora como depressão, ora com traços de paranóia clássica. Esta situação não o impede de desenvolver uma vasta produção literária.

Filia-se ao grupo de Sheffield do qual fazem parte Norbert Bayles, Trixia Clemens, Albert Gayle e Thomas Windsdorf. Publica, a partir de 1963, a revista Gallix, dedicada a divulgação de autores galegos. Casado com a poetisa Peggy Lanes, sem filhos. Laureado com os prêmios da Real Academia Galega (1976 – obra completa) e da Royal Society of Foreign Writers (1986 – Plus of me: deadly poems).

A ausência de uma formação cultural aprimorada é superada pela dedicação, quase mística, ao formalismo sincopal dos cantos medievais. Assume a trova como expressão da herança semiótica, precursora da independência da convertibilidade recíproca desenvolvida a partir do século XIV. De uma certa forma, a sua obra simboliza a herança clássica na literatura ocidental. Expressa com a simetria e harmonia um certo bucolismo, de elementos epicuristas e estóicos. A finitude inexorável dos seres vivos é uma constante em sua obra, clássica, depurada e disciplinada.

5 comentários:

Otávio disse...

Já pensou se fosse você a comandar as verdades e as inverdades do mundo! Eu sinceramente não iria saber quando era uma ou outra. Tudo é tão convincente que fico sempre na dúvida.

Anônimo disse...

Assino em baixo!

Unknown disse...

Como recém-promovido a auditor oficial de Odilonices, devo dizer que as análises preliminares deste texto carecem de substrato factual... :)

Adriana disse...

Cultura é cultura este eu não conhecia

roberto bezzerra disse...

Depois de ler o "Lamento Mouco", o melhor que eu tenho a fazer � tomar um medicamento tarja preta.
Qualquer um, desde que a tarja seja preta; relaxar, bem e reindexar meus arquivos...