domingo, 31 de agosto de 2008

Sucesso tribal.

Inspirado pela lembrança afetuosa de uma amiga e, aguçado pela sensação de ter convivido toda a vida com este hit, agora muito bem adaptado às crianças, fiz uma revisão superficial sobre o tema, nada comparável às maravilhas produzidas pelo Musikal. Para não ser chato e histórico, em excesso, apresento apenas algumas pérolas obtidas neste mergulho. Maripa, este post é dedicado a você, mesmo sem ser partilhável com os netos.

A canção, originalmente intitulada Mbube (leão em dialeto zulu), foi composta e gravada em 1939, por Solomon Linda, um compositor sul-africano. Todo o sucesso musical, na época e nos anos vindouros, não impediu que ele morresse na pobreza e que sua família vivesse, até bem pouco tempo, sem nenhum direito autoral.



No início da década de 50, em plena política de boa vizinhança americana, a canção que já fazia parte do folclore africano, foi apresentada a Pete Seeger, líder do grupo americano The Weavers, que se encantou com o refrão que soava para ele como “awimbooee” ou “awimoweh”. Rebatizada e adaptada pelo grupo, alcançou enorme sucesso, nos anos seguintes, apesar de ser eminentemente instrumental com repetições exaustivas de “wimoweh” em diversos floreios vocalísticos.



Em 1961, o grupo The Tonkens, gravou uma nova versão da música, agora adaptada por Hugo Perretti e Luigi Creatore, do time de produção da RCA, que incluíram a letra conhecida nos dias atuais e passaram a chamá-la de - The Lion sleeps tonight. Como curiosidade encontra-se a indicação de que o grupo apostava no sucesso da canção folclórica portuguesa Tina, que estava no outro lado do disco (pasmem alguns leitores, mas neste tempo os discos tinham dois lados e era necessário virá-los para escutar todas as músicas).



A adaptação e americanização da canção não impediu que figuras de destaque da música africana permanecessem gravando as versões mais tradicionais da música. Como esta esplêndida gravação das Mahotella Queens.



Finalmente, fica como lembrança que esta música, numa apresentação especial de Miriam Makeba, precedeu a memorável homenagem sussurrante de Marilyn Monroe, no último aniversário do presidente John Kennedy.



Como a inspiração está transbordante, neste domingo, vejam as atualizações daqui e daqui (capítulo novo da saga).

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Enfim, já era tempo.

Caros leitores,

enfim o primeiro capítulo da saga.
O tão esperado Diário de uma Gestação está no ar.

Não aqui.
Siga direto para lá.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Hoje eu queria ver o mar.


Moro longe do mar. Em distância e em altitude. De nenhum lugar da minha cidade avista-se o mar. Mas hoje, eu queria ver o mar. Não me perguntem o motivo, pois não sei. Apenas queria ver o mar. Não pelo desconhecido e nem pelos mistérios e descobertas que ele evoca. Nem por desejar que ele me quisesse, porque sei não merecê-lo.

Queria me sentar numa pedra solitária e deixar a vista percorrer a sua imensidão azul. Ouvir o lamento das ondas e me perder no seu vai-e-vém incansável. Na verdade, hoje eu queria ser o mar. Fazer parte dele e assim estar em todos os lugares sem necessitar sair do meu lugar. Sim, eu queria me apossar do mar.

Tê-lo meu, egoistamente. Hoje eu queria.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Diário de uma gestação.

O comentarista volta à carga. Preciso urgentemente discutir com o analista uma forma de impedir que este sujeito tome conta da minha vida e me faça cometer indiscrições. Mas, enquanto não resolvo esta parada, vou aproveitando as oportunidades de uma segunda personalidade.

Considero-me uma pessoa educada, por isso evito comentar assuntos para os quais os envolvidos não deram sinais indiretos de concordância ou anuência explícita. Posso me remoer inteiro, porém a educação e o cavalheirismo, um pouco fora de moda, falam mais alto.

Nem sempre uma anuência explícita é fácil de ser obtida, então apelo para os tais sinais indiretos. Afinal, como eles são sutis e subjetivos, posso puxar a sardinha para minha brasa e interpretar um leve movimento de sobrancelhas, um espirro, um espasmo carpal, um nistagmo ou mesmo um som inferior do trato intestinal como um consentimento. Pronto, o caminho para a revelação de inconfidências está aberto.

Faz quatro longos meses que eu venho respeitando a gravidez de uma amiga. Sem nenhum comentário condizente com a minha fina ironia. E olha que situações não faltaram para sorrisos marotos ou grandes gargalhadas - começando pela situação inusitada da notícia da gravidez e culminando com as agruras conseqüentes ao embotamento cerebral gravídico. Vocês vão ver como eu tenho me comportado como um gentleman.

Agora é chegado o momento de encerrar este período de abstinência. Resolvi escrever o Diário de uma gestação. Como nem ela e nem o marido se inspiram para contar fatos interessantes sobre este momento ímpar, e já liberado por um sinal indireto, vou deitar e rolar. Aguardem e acompanhem esta mini-série (talvez não tão mini assim) no espaço ideal para versões unilaterais. Cliquem aqui.